Turismo é orgulho de ser e receber

Há alguns anos transitei da operação turística para a gestão do negócio em Turismo. Daí passei a ouvir, direto da boca de empreendedores neste mercado, o grande desafio que tinham em enriquecer a experiência do turista sem precisar de pessoas na operação.

Primeiramente, creio que seja pouco possível garantir o sucesso de uma incursão cultural sem o olhar nativo enriquecendo a observação. Mas também concordava com eles quando apontavam todos os reveses que esse tipo de parceria de serviço trazia. O chororô ia desde o alto custo até a condução deturpada do produto turístico. Ou seja, em vez de o profissional se colocar em seu lugar de mero auxiliar da degustação social alheia, travestia-se de peixeiro na feira, vendendo suas vaidosas historietas numa pujante performance teatral. Havia sido desses e, claro, o remédio me caiu mais amargo.

Em contrapartida, esses mesmos algozes da expressão artística no Turismo, não investiam em sua estrutura passiva de lazer. Ou seja, queriam segurar o consumidor de sonhos o maior tempo possível em seus domínios, mas jamais compravam madeiras adequadas para construir um guarda-corpo rústico; ou investiam sequer um centavo em comunicação interna das atrações; ou então consideravam necessário pagar por uma sinalização de acesso mais inteligente.

Logo, havia ali um dilema. Os atrativos não eram, curiosamente, atraentes, mas consideravam que os guias eram inadequados. Daí aprendi a fazer Economia Criativa e costurar investimentos. Qualifiquei-me em captação de recursos dentro do meu próprio cliente!

Neste fim de semana estive em Guararema, após mais de 5 anos sem visitá-la. A cidade ensina a fazer muita coisa sendo apenas competente. Aconselho para todos os empreendedores no mercado turístico, pelo menos um pernoite, pois será possível descobrir como uma praça precisa ser florida; como um parque precisa ser organizado; como um guarda-corpo precisa ser feito; e como uma pessoa, sim, uma pessoa, precisa ser educada.

Com menos de 30 mil habitantes, alguns turismólogos de plantão podem dizer que esse é o motivo pelo qual dá certo, afinal, é menos gente para colocar defeito nas iniciativas públicas e, por conseguinte, privadas.

Eu prefiro acreditar que talvez dê certo por ter muito mais gente de olho na gestão pública. E é a coisa pública que contagia o povo nativo. E é a coisa pública que pulveriza entusiasmo e provoca o comércio local. É o lance do orgulho!

O fato é que, com uma projeção grosseira da arrecadação tributária da cidade, é impossível pensar que tudo aquilo tenha sido posto em pé desde 2012. Afinal, estamos lavados pela descrença e por uma sensação estúpida de que tudo é muito caro mesmo, em se tratando de administração pública.
Mas foi. E a cidade está linda. E o povo gosta de gente e de surpreender positivamente. E não há pessoas exclusivamente para a operação do passeio.

A cidade é intuitiva, organizada e acolhedora; é inteligente.
Vale a visita!