E quando a festa acabar?

Depois de uma crise global, em 2009, que refletira diretamente em muitos aspectos, o ciclo seguinte significava bastante trabalho e algum lazer. E quando se fala em lazer, subliminarmente falamos de Turismo. Era esperar. E veio. Segundo a Infraero, os desembarques de passageiros em voos domésticos, de janeiro a novembro daquele ano (61,2 milhões), superaram os 56 milhões registrados em 2009. Não fossem as constantes dificuldades enfrentadas pelo setor aeroviário e a atrapalhada Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), esse número provavelmente teria sido maior.
Mas trapalhadas atraem o brasileiro. São empresários enchendo suas prateleiras de paquinhas bilíngues e ignorando o turista brasileiro; governos captando eventos internacionais e puxando tarifas hoteleiras absurdas; instituições acadêmicas comercializando ciência e relegando o debate para a tv; etc.. Dia desses vivenciei um empreendedor turístico que deixou um grupo de 30 senhoras brasileiras para recepcionar um casal britânico. Ou seja, não estava preparado para receber a torre de babel.

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preocupação com a modernização do atendimento se agrava, uma vez que paira sobre a cabeça desse turista o rótulo de “exigente”. Quando, em verdade, o preocupante é que a mesma postura não seja adotada sobre o julgamento doméstico; um cuidado em não passar vergonha. Isso não se manifesta na questão do turismo doméstico.
Com uma política social estudada por amantes e desafetos, Lula formatou uma nova classe média, com anseios específicos e um bando de empresários apavorados por não corresponder às características dessa demanda emergente. Em 2011, quase 9 milhões de brasileiros das classes C e D viajaram de avião pela primeira vez, segundo o instituto de pesquisa Data Popular. E a indústria do turismo continua ignorando essa necessária fatia do mercado interno.
Algumas empresas já tentam adequar seu atendimento e criar novos produtos/serviços para esse público, entretanto ainda falta a sensibilidade ideal. Trata-se de um grupo social que ascendeu à condição de compra, conquistou um considerável poder aquisitivo e mantém parâmetros “televisivos” de consumo. Ou seja, o mercado precisa vender o melhor e apostar seu faturamento em função da quantidade, pois a pirâmide começa a perder sua forma tradicional.
Espero que essa preocupação em não “pagar mico” contagie a atividade doméstica. Espero que a comunidade e os empresários de pólos receptores de turista, quiçá todo o setor de serviços nacional, descubra que servir é uma arte e nunca será excelente se for associada à milenar experiência escravocrata de, em pleno cenário capitalista, ofertar salários de fome que só atraem mão de obra desqualificada. Assim como espero que o próprio brasileiro seja visto como alimento dessa máquina depois que a festa acabar.