A república dos idiotas também protesta

Ontem, mais uma vez, representantes de um povo foram às ruas protestar contra o aumento no valor das tarifas de ônibus em São Paulo. Dentre tantas opiniões desmemoriadas, as mais descabidas são dos que condenam o movimento.
E, desta vez, o movimento tomou força maior com a participação de outros grupos insatisfeitos, como os Delegados e os Servidores Públicos da Saúde. A “passagem”, senhoras e senhores, é apenas um atributo símbolo da insatisfação que o povo tem vivido com esses governos indiferentes em relação à principal regra da Democracia.
Independentemente de qualquer outro valor construído, no regime democrático de direito o Poder é uma apropriação temporária subordinada aos interesses coletivos. Ou seja…
são representações legitimadas que devem legislar e articular em favor do bem coletivo e da coisa pública. Sendo assim, da mesma forma que um voto pode eleger, um votante deve cobrar e um votado tem que prestar contas; uma manifestação pública coletiva pode governar.
Ao contrário do que muita gente pensa, um protesto tem impactos absurdos em lideranças políticas. Mesmo que não aconteça nenhuma mudança significativa, como dizem os resignados de plantão, essas manifestações chamam bastante a atenção e, consequentemente, acabam surtindo efeito sim pois, embora rindo para os fotógrafos em Paris, os líderes desta República estão preocupados. Afinal, imagem é tudo!
Até mesmo o slacktivismo tem lá sua contribuição na construção da consciência coletiva. Ou seja, todo protesto é válido, mas se estudarmos a história, descobriremos que apenas os impactos de comoção pública saindo às ruas trouxeram os melhores e mais efetivos resultados. Haja visto, recentemente, o fenômeno transmídia da Primavera Árabe, que saiu da internet para a praça Tahrir e, depois, ganhou o mundo, inspirando quiçá esses românticos na Avenida Paulost.
Em vez de se estressar com o protesto, endosse o projeto e construa sua sociedade! Chega de egocracia e demagogia! Para você ter muitos dos direitos que lhe são comum, muita gente perdeu a vida e outro tanto perdeu o couro. Mas o Poder da burguesia capitalista nunca vai deixar as crianças saberem disso. E, dado nosso histórico sórdido de herança da aristocracia pela qual somos estuprados nessa, aparente, eterna colonização, nem o Partido dos Trabalhadores consegue governar com interesse coletivo.
O que mais entristece são os idiotas, no sentido mais cru da etimologia desta palavra, protestando por causa de meia dúzia de janelas quebradas e alguns ônibus incendiados, ou ainda idiotas se apropriando de opiniões bradadas por âncoras de telejornais. A essa República de Idiotas, um país com Maluf’s, Delúbios, ACM’s e Alckmin’s, lhes servem.
A plebe não sabe o poder que tem e, quando eventos dessa natureza ganham força e repercussão, a elite sábia e a plebe pensante sempre vão subir à superfície para respirar. A vida é exercício. O sucesso é resultante.