O mundo anda muito azedo pra ficarmos sozinho. Por isso seria bom dar aquela passadinha numa igreja qualquer, sentar num banco qualquer e conversar com alguém além. Tudo anda muito amargo pra gente arriscar uma solidão. Hoje vale a pena sentar no chão, colocar a cabeça entre os joelhos e conversar com alguém além. Sem pressa, sem contas à pagar, sem patrão, sem açúcar. Hoje cabe experiençar o bom relacionamento, o perdão. Cabe experimentar um mundo melhor. Cabe um dia nublado, posta a possibilidade de você se apaixonar pela vida e tentá-la mais equilibrada no ano que devemos iluminar em breve.
Vale conversar com alguém além, nem que seja pra dizer olá. Pra dizer que tudo está tão desequilibrado. Vale refletir sobre as pessoas estranhas que, hoje, escolheram acenar pra você. Por um tempo bem mais longo, hoje é possível fazer isso. Como se é possível fazer em quase todos os domingos. Mas a ressaca de um ano todo bate só agora. E só agora vale a pena um beijo embaixo da orelha, com sabor de paz e cheiros vários; madeira, alfazema, álcool, suor, cravo, cassis, mar, limão, geada, bronzeador. Está faltando cheiro pra iluminar esse lugar.
Hoje compensa evitar dissabores e aguçar o vácuo. Ficar algum tempo conversando. Compensa sentir o próprio corpo entrando em letargia. Mas que seja pra falar com alguém do além.
Fico feliz em estar mais um ano na blogosfera, somando ao universo das possibilidades, quebrando barreiras editoriais, gritando um grunhido tímido que seja. Um grunhido que só me faz mais feliz por, principalmente, absorver um retorno sobre o que faço e, portanto, obrigado a todos que por aqui passaram durante esse ciclo que se finda. Aos que sentiram-se tocados e aos que passaram de brisa leve e velocidade capitalista, meu desejo é de equilíbrio pra todos nós. Precisamos sofrer também mas, nesse novo ano, o bem tem que ser tão competente quanto o mal.
Beijos, abraços e pão francês!