Resumo
A cultura de inovação é um conjunto de crenças, valores e boas práticas organizacionais que encoraja e valoriza a busca por novas ideias, a elaboração do pensamento criativo e a experimentação. Em pequenas empresas de refeições coletivas a implementação dessa cultura pode ser muito profícua, dado o porte da empresa e sua mobilidade organizacional, mas especialmente desafiadora devido a recursos limitados, pequenas burocracias e uma resistência mais intensa à mudança. Por isso é importante que as empresas adotem práticas e iniciativas específicas para fomentar a inovação. Assim, esta pesquisa tem como objetivo analisar a percepção e expectativa acerca da implementação e fomento à cultura de inovação, principalmente em empresas de pequeno porte do mercado de refeições coletivas atuantes na Região Metropolitana de Campinas. Para tal, foi realizado um estudo de caso qualitativo com 10 pessoas que prestam serviço em uma empresa de pequeno porte do segmento em questão e, portanto, espera-se contribuir com insights valiosos e práticos para as empresas do ramo, gestores, empreendedores e demais interessados na busca de um diferencial competitivo por meio da inovação. Diante dos resultados obtidos, entendemos que a empresa apresenta uma cultura de inovação promissora valorizando o pensamento criativo com práticas e iniciativas que estimulam a geração de ideias e o compartilhamento de conhecimento, podendo se manter na vanguarda do mercado de refeições coletivas na Região Metropolitana de Campinas caso acolha os desafios com maturidade e adote uma agenda permanente de inovação.
Palavras-chave: Reflexos da inovação; Restaurantes corporativos; Desafios; Práticas e iniciativas; Comportamento organizacional.
Implementing and fostering a culture of innovation in small collective meal companies in Campinas, Brazil
Abstract
A culture of innovation is a set of beliefs, values and good organizational practices that encourages and values the search for new ideas, creative thinking and experimentation. In small catering companies, implementing this culture can be very fruitful, given the size of the company and its organizational mobility, but especially challenging due to limited resources, small bureaucracies and a more intense resistance to change. This is why it is important for companies to adopt specific practices and initiatives to foster innovation. The aim of this research is to analyze the perception and expectations regarding the implementation and promotion of a culture of innovation, especially in small companies in the collective meals market operating in the Campinas Metropolitan Region. To this end, a qualitative case study was carried out with 10 people who provide services in a small company in the segment in question and, therefore, we hope to contribute valuable and practical insights for companies in the sector, managers, entrepreneurs and others interested in the search for a competitive edge through innovation. In view of the results obtained, we believe that the company has a promising culture of innovation, valuing creative thinking with practices and initiatives that stimulate the generation of ideas and the sharing of knowledge, and that it can remain at the forefront of the collective meals market in the Campinas Metropolitan Region if it welcomes the challenges with maturity and adopts a permanent innovation agenda.
Keywords: Reflections of innovation; Corporate restaurants; Challenges; Practices and initiatives.
Introdução
A cultura de inovação tem se tornado imperativa para a sustentabilidade dos negócios no panorama econômico contemporâneo, sendo um processo permanente em simbiose com a cultura organizacional. Para Dobni (2008), o ecossistema inovador é um ambiente abrangente composto por diversos elementos que incluem a intenção de inovar, a infraestrutura que oferece esteio à inovação, os comportamentos operacionais necessários para impactar o mercado, a orientação de valor e o ambiente profícuo para implementar as transformações.
Em pequenas empresas, para fomentar essa cultura é importante criar uma atmosfera focada na criatividade e no desenvolvimento de novas ideias. Conforme Serra et al. (2007), embora fecundo seja o ambiente da pequena empresa para cultivar a inovação, a adoção ou não desse caminho depende da visão de quem empreende e de sua percepção sobre necessidades, mercado e tendências, bem como de sua capacidade em implementá-la.
Considerando esse cenário, é fundamental investir em capacitação e treinamento das pessoas no ambiente corporativo para que possam estar em constante atualização, preparando-se em relação às mudanças e desafios do mercado com a criação de uma sinergia fértil e propulsora. Como aborda Amabile (1998), a capacitação e o treinamento são elementos-chave para promover a cultura de inovação nas organizações. Assim, ao oferecer programas de desenvolvimento de habilidades e conhecimentos relacionados à criatividade, resolução de problemas e pensamento inovador, as empresas podem fortalecer a capacidade das pessoas gestarem e acelerarem ideias. Afinal, a inovação tem se estabelecido como um elemento essencial para a sobrevivência e crescimento das organizações.
No mercado de refeições coletivas para empresas, protagonista na alimentação de um grande número de pessoas diariamente, a adoção de práticas inovadoras torna-se ainda mais relevante uma vez que, no Brasil, o setor emprega mais de 250 mil pessoas diretamente, serve mais de 35 milhões de refeições por dia, e movimentou mais de R$ 30 bilhões em 2022, representando para os governos uma receita superior a 3 bilhões de reais entre impostos e contribuições, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (ABERC). A Região Metropolitana de Campinas, por sua vez, reconhecidamente um hub de tecnologia e inovação no Brasil, tem um Produto Interno Bruto per capita acima de R$ 54 mil, é sede de grandes empresas e importantes universidades, além de ostentar o título de 5ª cidade mais inteligente e conectada do Brasil no Ranking Connected Smart Cities 2022, da Urban Systems.
Nesse contexto geográfico, econômico e social, pensar o prazer pela inovação em pequenas empresas é naturalmente intuitivo, motivador e combustível de inclusão. Torna-se relevante entender as pessoas nesse prisma em que elas estão inseridas e suas características de relacionamentos interpessoais fundamentais, criando um ambiente propício à criatividade e ao desenvolvimento de novas ideias. Afinal, essa cultura deve ser construída de forma colaborativa, incentivando a participação de todas as pessoas da equipe e fomentando a diversidade de ideias (Rodrigues e Carvalho, 2014).
De todo modo, é fundamental manter uma visão de longo prazo e ver com atenção as tendências do mercado e novas tecnologias disponíveis. Como afirma Oliveira (2002), a inovação não deve ser vista como um projeto isolado, mas sim como parte integrante da estratégia da empresa, que deve estar sempre em busca de novas oportunidades que alimentem vantagens competitivas para se destacar no mercado.
No entanto, apesar dos benefícios que a cultura da inovação é capaz de suscitar, existem alguns desafios que podem surgir ao longo da jornada, e um deles é a resistência à mudança. Todo o processo requer uma alteração de mindset por parte das pessoas, que precisam estar receptivas às novas ideias e dispostas a abdicar de algumas práticas. De acordo com Rodrigues e Carvalho (2014), essa resistência pode ser ainda maior em empresas de segmentos operacionais nas quais os processos, já estabelecidos, muitas vezes se sobrepõem à necessidade de inovar. Kotter (2007) acrescenta ainda outros fatores, como o medo do desconhecido, a falta de confiança ou a percepção de ameaça aos interesses individuais. Para isso, é fundamental que as empresas implementem estratégias eficazes de comunicação que ajudem as pessoas na superação dessa resistência abraçando as novas práticas.
Outro desafio é a falta de provisionamento, planejamento e visão sobre recursos financeiros para investir em inovação; ela pode demandar investimentos significativos em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, tornando-se um obstáculo para pequenas empresas com recursos limitados (Ramos Filho, 2017).
Diante disso, esta pesquisa tem como objetivo geral analisar a percepção e expectativa acerca da implementação e fomento à cultura de inovação, principalmente em empresas de pequeno porte do mercado de refeições coletivas na Região Metropolitana de Campinas, e sob a luz de uma sociedade cada vez mais conectada digitalmente. Para tal, foi realizado um estudo de caso qualitativo com 10 pessoas que prestam serviço para uma empresa de pequeno porte do segmento em questão. A empresa estudada atende outras empresas, localizadas na região, com a produção e serviço de refeições, que podem ser de duas modalidades distintas: preparadas em sua matriz, e transportadas pronta para o consumo até cada cliente, conhecidas como refeições transportadas; ou as refeições in loco, produzidas dentro da própria empresa cliente e servidas em local indicado por esta.
Neste trabalho de pesquisa espera-se, portanto, refletir e contribuir com insights valiosos e práticos para as empresas do ramo, repercutindo entre quem gerencia, empreende, e demais pessoas interessadas na busca de um diferencial competitivo por meio da inovação.
Referências
Dawkins, R. 2007. O gene egoísta. 1ed. Companhia das Letras, São Paulo, SP, Brasil.
Gil, A.C. 2010. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ed. Atlas, São Paulo, SP, Brasil.
Kotter, J.P. 2007. Leading change: why transformation efforts fail. Harvard Business Review. Disponível em: <https://hbr.org/1995/05/leading-change-why-transformation-efforts-fail-2>. Acesso em: 20 mar. 2023.