É uma coisa assim de canseira mesmo. Parece dor de cabeça que aponta atrás do olho direito e tem gosto de colírio. Você tenta procurar as causas e elas podem sair da boca de qualquer fila de padaria, mas não dá pra aceitar. Não pode ser só isso. Deve ter ali, na máquina cerebral, alguma válvula de borracha especialmente desenvolvida pra interromper a vazão das coisas. Isso me fascina.
Aliás, as válvulas me fascinam. Toda essa engenharia que me lembra banheiro me fascina. Pois não é que, num dia desses, descobri a funcionalidade do sifão… e me encantei. Ele é uma invenção de 1775 e, não fosse ele, todo o refluxo seria parte de nossas vidas. O sifão tem um formato curvo que provoca uma vedação d’água, impedindo que o cheiro do esgoto volte pelo cano.
Com essa descoberta tão simples as recepções na alta classe perdiam seus subterfúgios. Aquele peido inaudível, levantando a bunda suavemente, não ficaria mais impune. E todas as vezes que falo de peido lembro de minha vó classificando-os. O mais engraçado é o “pega-cavalo”: ele sai apenas como um assovio chiado, muito usado por ladrões de cavalo a fim de acalmá-lo.
E não é que o sono do cavalo é interessantíssimo! O animal só estará dormindo profundamente quando se deita totalmente no chão. Dos muitos estágios no sono do cavalo, dizem que ele continua com o cérebro funcionando enquanto os olhos estão fechados e seu corpo relaxa. Ando meio cavalo. Acho que essa dor de cabeça vai passar. Pensando bem preciso mesmo é de um sifão… e um cavalo.