Maria de pedra

Num canto calada
Conserva guardada
As orações, com fervor.
Queimando em espada aguda
Os desvios da juventude
Que negligenciou.

Canta
Maria de Pedra.
Traga o teu terço
E encha teu cesto
Com o puro amor.
Voa,
Maria de Pedra,
Para as escadarias
De Bonfim, Vosso Senhor.
Traga teu terço
E esvazie teu cesto
Das coisas sem valor.
Canta
Maria de Pedra;
Mulher que não quebra
Nem com toda dor.

Soa,
Sinos e mangueiras,
Balaios e esteiras
Fazer brilhar o andor
Canta Maria!
Cospe fora o vinho
Da santa ceia arredia,
Para viver seus dias
Vendendo dropes em semáforo,
Ou alimentando cães fartos
Do hálito sujo e suave
Que da sua boca saía.
Mas não deixa entrar
Quem paga pouco aos seus ouvidos