O calendário do apocalipse

Mais um desses dias idiotas que são criados para suscitar o debate e ampliar conhecimento; lá se vai findando o Dia Mundial do Meio Ambiente. Não sou um arauto apocalíptico, muito pelo contrário. Acredito na coexistência poética do ser em seu estado humano, e desumano também, posto que a luz e a sombra servem à poesia.
Mas não posso ser leviano em afirmar que está tudo ótimo e que vivo satisfeito com o comportamento humano. Não seria verdade. Estou satisfeito com o indivíduo que joga papel no chão, em vez de guardá-lo no lixo. Sim, com esse sujeito estou satisfeito. Mas…
duma satisfação que me reserva a liberdade poética, uma vez que a ignorância me atrai como plástica literária.
O que me entristece, e não me satisfaz, é esse ecobusiness como o dogma moderno da Vida que tem, nas ONG’s, a formação de seu júri. Essa coisa de juízo final me incomoda. Esse júri que já entra no tribunal com veredicto. Você não pode usar desodorante, não pode fumar, não pode comer carne… O antropocentrismo não tem limite.
O primeiro me agrada, pois faz suas bobagens com a liberdade da ignorância, ou seja, desconhece o impacto de seus atos. Agora o segundo me entristece mesmo pois tira, da seiva inocente dos ignorantes, seu sustento. Cada época tem seu chato. Para a nossa sobraram os Ecologistas e Nutricionistas.
É fato que, como indivíduos ocidentais minerados pelo capitalismo, não enxergamos uma vida melhor do que a nossa, mas invejar os índios só vai te valer o rótulo de louco. Deixe o Universo fazer sua parte pois, “a cada um, a sua cruz”, como ele mesmo tem nos ensinado com seus ciclos milenares de aquecimentos e resfriamentos. Com seus ciclos milenares de apocalipses.
Agora, caso você seja um desses chatos contemporâneos, pode me convidar para buscar um equilíbrio entre o que deve ser feito e aquilo que pede nossa alma, sempre propensa ao infantil e inconsequente proibido. É correr o risco de sacrificar sua alma em vão ou incorporar uma atitude que faça bem ao planeta e a você também.
Quer saber? Sustentabilidade é lavar dois pratos antes de almoçar. Basta.