O pintor

O tédio me inspira.
Azul metila
Eu não tenho
Mas misturo a tinta,
Piscina do pincel
Que mergulha
E sai colorido.
Poucos minutos e nascem
Espelhos e rabiscadas nuas,
Cruas,
Quentes.

Noutro dia
Transforma-se em luta
Luvas e riscos fortes,
Escuros fortes.
E vai indo
Com traço fino
E carretéis de linha
A linha
Mente em um preto intenso,
Em esquadros constantes.

Entre o medo e o nervosismo
Um tiro,
Um ciclista
Sem rumo e esperando passar
Em retratos guardados
E faces sem graça
Sepultando os últimos
Último.