O que eu faço se vejo meu voto no Poder Executivo Municipal trabalhando contra mim? Sabe aquela sensação de impotência? Pois bem, não me resignei. Agarrei meus braços em cobrar os vereadores de um lado e, do outro, comecei a compartilhar mais informação e, quem sabe, penso, trabalhando nas bases e politizando meus próximos, consiga amenizar minha culpa.
Assim mesmo que me sinto; culpado. Veja só: trabalho com Turismo há quase 10 anos e, desde quando o atual prefeito de minha natal Salto, interior de São Paulo, revelou sua candidatura, deixou claro sua distância em relação à essa importante ferramenta do desenvolvimento, mostrando clara ignorância sobre o setor. Mesmo assim votei nele.
Votei pois me entristeci com o jogo político fedido em que…
o então prefeito, Geraldo Garcia (PDT), rompia com o vice-prefeito, Juvenil Cirelli (PT), desconstruindo todas as pastas que eram mantidas por conluios partidários com este, e lançava a candidatura do secretário de Governo, Gilmar Mazetto (PMDB), para dar continuidade ao seu trabalho frente à prefeitura durante 8 anos.
Votei pois não conheço Gilmar Mazetto, e não devemos dar a chave de casa para um estranho colocar comida pro cachorro enquanto estamos viajando.
Votei pois o terceiro candidato, Dr. Angelo (PV), a mim vendia imagem de oportunista que investiu a vida toda em se relacionar bem para alimentar curral eleitoral e, quando em comitiva de bater no portão, não ofereceu nenhuma segurança em relação à realidade da cidade.
Agora não sei se sou culpado ou vítima de um processo muito maior. Saiu caro. Geraldo Garcia poderia ter mantido as secretarias administradas por entes petistas e lançado outro candidato, que não fosse Juvenil Cirelli. Mas que também não fosse Gilmar Mazetto, o estranho.
O fato é que existe uma vala imensa entre os gentílicos criados no seio fabril de minha cidade, e o Turismo. É trabalho árduo abrir a cabeça de um cidadão sobre esta Indústria Limpa e esclarecer, dentre outras coisas, que investimento em Turismo não é só para o turista. Ou ainda que quando ele, o saltense, visita um parque da cidade está praticando Turismo; quando, em lazer, atravessa a cidade com sua bicicleta, é um cicloturista; quando vai a uma festa da cidade está praticando Turismo; quando senta na calçada com chinelo de dedo, é uma atração turística!
Mas não há mais nada por fazer. Pelo menos não com o meu voto. Confesso, Juvenil Cirelli, você foi meu pior voto até hoje! Pois você foi eleito. Depois de ter dizimado a secretaria de Cultura e Turismo que, erroneamente, coexistia com a mesma estrutura, mas pelo menos existia, o senhor decidiu devolver recursos públicos tão difíceis de se conquistar. Sim, senhores, o prefeito de minha cidade quer devolver uma verba de R$ 1,6 milhão!
O dinheiro, liberado na gestão anterior com intermédio do Ministério das Cidades, era destinado à construção de uma nova ciclovia em Salto. Mas, como ele julgou que a ciclovia já existente não é usada pelos saltenses, e precisa de dinheiro para gastar em “sinalização viária e de solo, em novos semáforos, na segurança do trânsito e em mobilidade”, caso o Ministério das Cidade não mude a destinação do recurso, devolverá.
Acontece que a ciclovia da cidade, hoje, não foi inteligentemente implantada. Mas, enquanto ele era vice-prefeito, não deve ter conseguido fazer muita coisa no desenvolvimento dela, orientando um roteiro diferente, por exemplo, em que fosse mais seguro e atraente. Veja, como caso, Sorocaba e a estrutura de seus circuitos, construídos com vontade e não apenas para justificar verba.
Inquestionavelmente, o comportamento do meu prefeito não é inteligente. Seria obra de pleitear novos recursos para gerir a cidade, em vez de criar empecilhos para os que já existem. Além do mais, uma nova ciclovia sempre cai bem e o uso de bicicleta é uma cultura que se espalha rápido, bastando para isso que exista condição. Eu mesmo já pensei em voltar a pedalar.