O suspiro do bibliotecário

Eu tenho sorte,
Mas não tenho futuro não!
Sou pouco forte
Preferi o escuro…
As palavras curtas,
O tombo do trapezista e
O canto desafinado do corista.

Eu tenho sorte,
Mas não tenho futuro não seu môço!
Eu sou pouco forte
E acabei por preferir o escuro…
Restos de comida,
Golpes de faca mal amolada e
Gritos ardidos.

Eu tenho sorte,
Mas não tenho futuro.
Sou pouco forte
Preferi o escuro…
As luvas sujas,
As últimas poltronas,
O tom mais obscuro.

Isso tudo porque tenho sorte;
Só não tenho futuro!
E ainda sou pouco forte.
Prefiro o escuro mesmo!
Observar túmulos,
Ler a vida nos búzios e
Abdicar dos indultos.

Agora,
Jogado aos vermes
Eu nem pareço ser…
Quem preferiu o escuro?!