Moscas. Vinham ao gosto de minha pele salobra. Cobriam suas cabeças com véus e prostravam zunidos orquestrados, numa mórbida adoração. Uma melodia sem maestro, porém perturbadoramente coordenada. Se, por um lado, invejavam sinfônicas, por outro pareciam desconhecer as partituras, uma vez que pousavam umas sobre as outras, transpirando desrespeito e egoísmo. As anciãs, que morreriam ao amanhecer, escolhiam sobrevoar observação em vestidos resignados com o futuro. Seriam esquecidas mais rápido do que seus pais. Substituídas. Enquanto isso, noutra parte do meu corpo…
um mosquedo tímido recebia aventureiras e novatas sem questionar, pois o cenário era pouco atraente já que a ferida era menor. Entretanto, esta impressão de escassez favorecia a subsistência das jovens. Embora sobrevivendo em colônias diferentes compartilhavam, silenciosas, do mesmo destino; alimentavam-se de seus amanhãs. E cuidavam para que as recém-nascidas experimentassem a temperatura de minha pele, pálida e escorregadia.