Sejamos putos

Ok. Tudo bem. Vou dizer. Sou mesmo um puto. E daí! Quem não o é? Estive parado por quase um segundo e insisto: “Quem não é?!”. Sem suspense ou avalanche ideológica reflito de contínuo e consciência que o “crime compensa sim!”. E meu espelho é dos mais significativos: você.
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Meu surto idílico e insustentável tem lá seus propósitos pouco pacíficos, é verdade, mas quem gosta de ficar em casa sentado é sofa. Penso que alguns coquetéis molotovs e outro tanto exagerado de insultos dão resultados, mas cansam, machucam, queimam. Embora os semáforos encéfalopatas e o vento bucólico sejam agradáveis, a intenção maior é clara no objetivo de amamentar de doce leite aquele que não deve ver a seca nas pastagens e o petróleo no lago. Mas eu não bebo leite!
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Estou enquadrado em acompanhar o golpe de estado em Honduras ao mesmo tempo em que desenvolveu-se, nas entranhas das reconhecidas mídias sociais, uma manifestaçã-de-sofá propositando a saída, da presidência do Senado, do coronel José Sarney. Aí, enquanto assistia a TeleSUR ser sequestrada e o El Heraldo ser abarcado pelo governo golpista, fui questionado sobre minha escolha em divulgar os acontecimentos no inexpressivo e irrelevante país da América Central. A alegação era de que “eles estão lá na puta que o pariu”, e um arremate de doer o coração: “o que você tem de ver com isso?”.
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É por isso que sou puto. E o sou com gosto. Pois não se importam com sua manifestação porca se ela estiver distante já que, “o que os olhos não vêem o coração não sente”. Uma roubadinha aqui, um contratinho ilegal ali, uma licitaçãozinha às escuras acolá e tudo continua na mesma, uma vez que o próprio Sarney, conluiado com a bancada do governo, não teve mais que uma diversão barata na última quarta-feira. No entanto, ele anda conseguindo o que quer embora precise articular pessoas, comprar senhores e dialogar com o demônio. Pensando bem, vale a pena herdada.
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Portanto, lembrar que o golpe de 64 percorreu caminho semelhante ao que acontece agora nas américas ou que sentado no sofá não dá pra fazer imediatismo, é pura falta do que fazer. Vamos ser putos também. Mas já adianto: ser puto dá trabalho!
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Alex Pinheiro