É que essa ideia de terceirizar nossas responsabilidades ou conquistas me incomoda. Não que eu seja absolutamente antropocentrista, mas daí a passar para outrem minhas contas, feito criança chorona, acho exagero.
Abraço gente de toda laia. Cristão, islâmico, judeu, e até fã de Harry Potter que vê na magia um atalho para se conectar com o divino. Na maior parte das vezes somos todos carentes, furtando dogmas para compartilharmos segredos e sorrisos com amigos, familiares ou estranhos.
A ausência de sentido para a vida é morada segura para os delírios. Talvez daí se alimente a espiritualidade. Dessa falta de encontro.
Recentemente tenho assistido a série The Following. Uma trama frágil e previsível, mas que tem um eixo perturbador. Até que ponto nosso vazio nos será benéfico? Se há um vilão à espreita para se aproveitar de nossas carências, esse é a nossa própria mente. Nossos próprios cobertores cerebrais confusos e ávidos por atividade.
Desde os jovens americanos que fazem armas em impressoras 3D até os favelados brasileiros que empunham fuzis como brinquedo, a fração de conflito é a mesma. Carência. A insignificante jornada social lhes acomete em câncer.
Com a internet, ser só mais um no meio da multidão é a grande doença do século. A sensação de irrelevância é avassaladora, tal o tamanho dessa rede. Nesse seio frutificam os “originais”, cheios de si e de diferenças.
Assim, acreditar num divino cada vez mais diferente do vizinho, nunca foi tão bom e conveniente. As pessoas querem surpreender, mas não acredito que estejam preparadas para serem surpreendidas, tal nosso egocentrismo.