A vida verdadeiramente offline e com aquele profundo silêncio da consciência, no qual se ouve o eco de nossas vibrações mais íntimas, pode estar em transição.
É possível observar, à volta e em qualquer lugar, o tamanho da abstração que estamos construindo como verdadeiros búnqueres para vencermos o espelho de nossa alma; a dicotomia de poder mudar o rumo das coisas ao mesmo tempo em que nos assanha o “medo de sucumbir” (O Oráculo da Noite, Sidarta Ribeiro).
“É pau, é pedra”… mas não é o fim do caminho. Cabe insurreição, educando nossos genes entre o altruísmo de gaveta e a collab com influencers digitais? Ou, perdido nessa metalinguagem, desse encontro não poderia sair outra coisa se não business? Portanto, é anabolizante da essência contraditória que tenta imprimir.
É, em si, exatamente a receita do que não reproduzir caso estejamos pensando em hackeamento social e evolução coletiva.
Para Dawkins (O Gene Egoísta, 1976), o verdadeiro motor de seleção natural e adaptação não é a espécie, a sociedade ou o organismo, e sim a menor partícula de tudo; o gene.
Esse pode ser o argumento subjetivo que justifique a distopia tecnológica arquitetada diariamente para evitar a “dúvida” que afinal estamos nessa prisão, como disse O Rappa.
Esse pós-humano que nos tornamos deleitados no workaholic perdeu a essência idílica e está competindo com o pragmatismo da Inteligência Artificial. Seu gene luta para sobreviver ao sistema provocando a criação de listas de tudo, atividades extras, “tempo do celular depois do jantar”, cirurgias androides, smart [problem] cities, e outras distrações.
Desde a industrialização que a humanidade não tira férias. Sequer a pandemia de coronavírus conseguiu nos parar! Criamos novos códigos, explodimos o drop shipping, compramos mais da China, alugamos aparelhos de academia, fizemos diversos cursos online, adotamos animais, fizemos jardins verticais em garrafas PET, subimos hashtags, e “melhoramos o mundo”.
Então, uma vez que perdemos a “guerra dos condomínios” com O Rappa, cabe agora outra luta. A de se exercitar para nos percebermos neste processo e protagonizá-lo. Conquistarmos o terreno do hoje para inauguramos o futuro sem medo do ócio.
Nesse futuro previsto por entusiastas da humanidade, você deixaria tudo para os robôs, e usaria seu tempo apenas com você. Usaria seu tempo para ser humano.
Quais São As Perguntas Dessa Nova Era?
- Como estará a consciência? Ela questionaria as escolhas que fez enquanto estava abstraída no “sistema”?
- A ressignificação de nossas vidas para fazermos menos atividades ordinárias, e fabricarmos as extraordinárias, está precificada pela sociedade?
- Qual o papel da Arte na configuração desses arquétipos?