Quando você está dirigindo, suas decisões como ser humano em situações sensíveis e imediatas são baseadas em seus instintos. Os seus instintos, por sua vez, são construídos durante anos e gerações de pessoas que estiveram à sua volta durante todo esse tempo. Esse é o seu algoritmo.
Qual a diferença entre suas decisões instintivas às tomadas por uma máquina que passou por treinamento supervisionado com bilhões de dados coletados? Você pode ser melhor que uma máquina alimentada por diversos dilemas éticos e capaz de reagir automaticamente com precisão escolhendo o impacto de menor dano?
Quem define qual é o impacto de menor dano? Qual a subjetividade mais relevante e como perpetuar as redes de proteção e cooperação que fizeram de nós os animais mais “bem-sucedidos” na sobrevivência e dominância do planeta Terra? Talvez aqui esteja o verdadeiro dilema de nossa era e a transição ética que a humanidade já escreveu há capítulos anteriores, o qual vem alterando a forma como contamos a nossa própria história, desde os sacrifícios animais para alcançar chuva antes da revolução industrial, até o pacto invisível que preserva a vida da vaca na Índia (Harari, 2016).
Então, o que um carro autônomo deveria fazer? Quem usa a Moral Machine, criada no MIT, ajuda a responder esta pergunta de forma, naturalmente, fria, tal como uma máquina. E isso é assustador!
Seguir o caminho e atropelar animais que estão agindo conforme a lei e atravessando a via no semáforo verde para pedestres? Ou desviar e matar 03 grávidas, 01 jovem economicamente ativo e 01 criança com uma vida inteira pela frente para contribuir com a sociedade?
“Ah, mas essas pessoas estão agindo totalmente errado ao atravessarem no semáforo vermelho para pedestres, então merecem morrer”.
Complicado, né?! E quando você for a grávida, como a máquina deveria decidir? E quando você for a idosa que não contribui mais produzindo riqueza, o que o carro deveria fazer? Desviar da barreira de concreto para proteger os seus tripulantes economicamente ativos e matar você?
Questionar valores tão absolutamente fundamentados na sociedade é assustador, mas a inovação vem à “pés de pano” e irreversível a cada dia. O que um carro autônomo deveria fazer é uma escolha assustadoramente nossa.
Teste lá os seus valores éticos! www.moralmachine.net